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A importância do Investimento Anjo para Agtechs

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*Este conteúdo é uma colaboração de Paulo Mariotto, da BR Angels, e Diogo Machado, da Quíron Digital

O mercado de Agtechs está em franca expansão no Brasil. Hoje o país conta com 298 Agtechs em funcionamento e emprega 4.622 pessoas, segundo o último Report da Distrito  para o segmento. Ainda segundo o estudo, 40% das startups focam suas soluções na agricultura de precisão, um mercado mundial que chegará a mais de 7 bilhões de dólares até 2026.

O Radar Agtech, outro estudo realizado com startups do agro, detectou 1.574 agtechs no Brasil em 2021. Em 2019, a mesma pesquisa identificou 1.129 startups do segmento.

Apesar de ter uma demanda global aquecida, com crescimento anual de 25%, no Brasil as empresas se encontram num momento early-stage. 81% dos deals foram realizados nos primeiros passos de investimento, como anjo, pre-seed e seed. Esse indicador demonstra grande potencial de crescimento, tanto para as empresas quanto para investidores que queiram adicionar o mercado agro como foco, inclusive com alguns fundos de investimento de Venture Capital recém criados na tese agro.

O investimento nos primeiros passos de uma agtech é fundamental por algumas particularidades do mercado. Uma delas é a necessidade de desenvolvimento tecnológico prévio para fornecer soluções para as empresas do setor, normalmente as grandes possuem equipes internas focadas em tecnologia e superar o nível tecnológico demanda tempo e maturidade.

Por sua vez, essa maturidade demanda cash burn (dinheiro utilizado antes do ponto de equilíbrio) que apenas fundos de investimento, como investidores anjos, podem prover.

Outro ponto importante no segmento é a necessidade de aproximação dos dois universos: agro e tecnologia. Se por um lado, as empresas do segmento estão cada vez mais próximas de iniciativas tecnológicas, com programas de inovação aberta e desafios nos mais diversos temas, por outro as empresas de tecnologia precisam se aproximar do produtor e entender as reais oportunidades e particularidades do campo. Essa aproximação e refino das hipóteses iniciais também demandam tempo e recursos, os quais os fundos podem providenciar.

Algumas Agtechs se destacam, como a Solinftec, que atua na automação de operações e recebeu o maior volume de aportes do segmento, com 60 milhões de dólares dos fundos Unbox Capital e TPG.

A Horus Aeronaves, atuando com desenvolvimento e monitoramento via drones de asa fixa foi pelo caminho do equity crowdfunding, captando 2 milhões de reais via plataforma de investimento coletivo.

A Quiron Digital recebeu aporte da Anjos do Brasil no começo de 2021 e em 6 meses conseguiu com o recurso abrir mercado em 4 países diferentes, focando sua atuação no segmento florestal.

Essas empresas são bons exemplos do uso de tecnologia para o fortalecimento do segmento. A IRancho recebeu aporte da BR Angels em 2020. Atua no segmento de Gestão de Pecuária e rastreabilidade. O recurso tem permitido à empresa acelerar o processo de vendas.

Considerando que no Brasil houve apenas 4 deals de série B e 12 em série A, fica evidente que o mercado das Agtechs passará por uma explosão de tecnologia e aportes nos próximos anos, com investidores em todos os estágios focados no segmento. É de vital importância o processo de maturidade das startups para acompanhar esse aumento de visibilidade do segmento, para ter empresas com market fit validado, tracionando em faturamento e focando na expansão internacional. Com esse círculo virtuoso de desenvolvimento de tecnologias e investimentos teremos muito em breve o primeiro Unicórnio Agtech do Brasil.

*Imagem Freepik

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