Você já identificou um erro que é cometido com frequência no seu negócio, mas ainda assim não consegue corrigir essa falha?
Situações assim são muito comuns, visto que são tantas decisões e processos para serem analisados dentro de uma startup que um ponto ou outro acabam passando despercebidos.
Seja na seleção e retenção de talentos, na atração de clientes ou na busca por investidores, não existe fórmula mágica para que tudo sempre dê certo.
No entanto, o pensamento científico segue uma lógica que pode tornar a gestão da sua startup mais analítica e eficiente. Quer saber como? Continue lendo até o final.
O que é o pensamento científico? Entenda o conceito
O pensamento científico usa a racionalidade e a objetividade antes de fazer qualquer suposição, baseando-se em evidências para formular hipóteses.
Por exemplo, suponhamos que você e seu time estejam montando o planejamento estratégico para o próximo ano da startup e uma das metas seja crescer 30% em relação ao ano anterior.
Mas por que 30%? A estimativa é exata? É viável alcançar este número? Quais são os indicadores a serem seguidos? Estes são exemplos de perguntas que se encaixam no pensamento científico para que a decisão seja tomada com base em boas evidências, não em achismos.
Ou seja, pensando diferente, pelo viés científico, sua startup pode alcançar resultados melhores, ampliando inclusive as receitas a curto ou longo prazo.
Uma das habilidades mais importantes no pensamento científico é a resolução de problemas. Diante de um desafio, é preciso pensar criativamente para resolvê-lo e, principalmente, expressar a solução de um jeito claro e preciso.
Na ciência da computação, por exemplo, as soluções criadas são chamadas de algoritmos. Um algoritmo é uma lista com um passo a passo de instruções que, se seguidas exatamente, resolverão o problema em questão.
5 elementos do pensamento científico para gestões eficientes
No pensamento científico, o que não faltam são questionamentos com “por que”, “como” e “quando”. A chave é justamente essa: interrogar e refutar toda e qualquer dedução que não tenha provas.
Afinal, a ciência baseia-se em métodos experimentais e não em opiniões.
Mas como incorporar o pensamento científico nas startups para identificar problemas corretamente e solucioná-los de forma certeira?
De acordo com o artigo “Aja como um cientista”, publicado na revista Harvard Business Review por Stefan Thomke e Gary W. Loveman, existem 5 elementos essenciais do pensamento científico que podem ser replicados nos negócios.
São eles:
Seja cético
Essa orientação basicamente diz: até os números podem te levar a caminhos errados. “Mas como assim? Não são eles que devem determinar as estratégias?” – você pode estar se perguntando.
Embora empregar a razão seja essencial, é interessante estar aberto a novas ideias e possibilidades, inclusive analisando hipóteses concorrentes.
Na prática: uma startup quer se comprometer com a igualdade de gênero, mas dados do último processo seletivo mostram que o número de candidatas a uma vaga X foi muito baixo.
Uma leitura do dado pode presumir que não há profissionais qualificados ou o anúncio da vaga não chegou nas pessoas, mas com o pensamento cético, é possível questionar e refletir sobre o porquê da escassez de mulheres na área. [Leia esse texto sobre diversidade]
Além disso, cabe investigar também por que as profissionais existentes não se candidataram para a sua startup. A partir dessas respostas, você terá mais embasamento nos próximos processos de recrutamento e seleção.
Investigue anomalias
Anomalias são fatos e situações que não se encaixam nos resultados previstos. É o famoso “nos deixou com a pulga atrás da orelha”, sabe?
Quando uma situação inesperada acontece na startup, é sinal de que alguma coisa neste case irá render como lição. Você poderá usar essa informação a seu favor em situações futuras!
Curiosidade: na informática, os erros de programação são chamados de bugs (insetos, em inglês). O processo para rastrear e corrigir um bug é a depuração. Há uma história de que uma mariposa morta causou um problema em um dos primeiros computadores e, por isso, o termo bug permanece em uso até hoje. |
Articule hipóteses testáveis
Suas hipóteses precisam ser fortes; por isso, todos os seus argumentos devem ser bem fundamentados.
A cada hipótese testada, tente medir os resultados, refinando seus palpites para que sejam cada vez mais específicos.
Uma hipótese forte tem sempre:
- uma fonte (dado quantitativo ou qualitativo, insights, feedbacks etc.)
- um projeto (identifica causas e efeitos da hipótese)
- medição (métricas que indicam se o palpite será aceito ou rejeitado)
- verificação (o potencial de replicar o aprendizado em outras hipóteses)
- relevância (tem um impacto claro)
Produza provas concretas
As suposições dadas dentro de um negócio não devem estar baseadas apenas em sentimentos, histórias e experiências de seus gestores. Essa bagagem é importante sim, mas, no pensamento científico, só as suposições não são suficientes para alcançar objetivos.
Por isso, é necessário elaborar evidências documentadas para testar as ideias a fim de identificar quaisquer problemas, como uma Prova de conceito (PoC, do inglês Proof of Concept) ou um projeto-piloto, cada qual em seu tempo.
Sonde as causas e efeitos
No artigo “Aja como um cientista”, os autores afirmam: “Nós, humanos, muitas vezes vemos conexões entre ações e resultados não relacionados – confundindo correlação com causalidade – e respondemos a ruídos ao tomar decisões”.
Para usar a relação de causa e efeito a favor das suas decisões, você precisa, primeiramente, escolher qual situação irá analisar. Anote qual a causa, os efeitos e as variáveis.
Cientistas mudam uma ou mais variáveis (a causa presumida) e observam mudanças no resultado (o efeito), mantendo todas as outras variáveis constantes.
Elaborar um MVP (Minimum Viable Product), a versão simplificada de um produto final produzido, pode te auxiliar a testar as hipóteses do seu negócio.
Recapitulando
Hipóteses, pesquisas, dados quantitativos e qualitativos, comprovações, causas, efeitos… realmente são vários aspectos envolvidos na construção de estratégias.
Embora seja trabalhoso e desafiador, o pensamento científico tem muito a contribuir com as startups.
De certa forma, é como um trabalho de detetive em que você encontra pistas, deduz os processos e eventos que levaram aos resultados, faz testes e depois tem uma comprovação.
O pensamento científico usa a análise de dados para criar hipóteses fortes que influenciam na tomada de decisão. E aí, pronto para deixar os achismos de lado?
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